quarta-feira, 13 de março de 2013
MEIAS PALAVRAS
sábado, 9 de fevereiro de 2013
O LADO VIRTUAL DA REALIDADE
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
A CRISE FINANCEIRA.
A visão é de Heiner Flassbeck, 60, diretor da Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad (Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento). Para o economista, que foi vice-ministro de Finanças da Alemanha (1998-1999), a recessão de agora pode ser pior e seguir o formato da japonesa.
Para ele é essencial enxugar o mercado financeiro e lembrar uma coisa simples: "os salários são o componente mais importante para a demanda privada e o capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores".
Flassbeck, professor da Universidade de Hamburgo, que classifica como ridículas as agências de risco, estará no Brasil na próxima semana para um seminário promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado.
*
Folha - Como o sr. avalia o rebaixamento dos EUA pela S&P?
Heiner Flassbeck - Essas agências de risco estão ficando cada vez mais ridículas. No final, se pode dizer que o mundo todo está indo à bancarrota, contra Vênus, Marte, a Lua. O maior, o mais importante e o mais sólido Estado do mundo sob perigo de quebra! Então tudo pode quebrar! E daí? O que isso muda? É ridículo.
E por que as agências são tão valorizadas?
Não sei, porque a maioria das pessoas é maluca (risos). Algumas pessoas nas agências de risco decidem sobre o destino da economia mundial. Como se pode tomar isso seriamente? Estamos indo para uma recessão e o que precisamos é de deficits maiores para os governos, para que possamos sair da recessão. E para as agências não se pode fazer essa coisa razoável. O que fazer então? Não se deve acreditar em Deus, mas nas agências de classificação de risco e fazer o que elas pedem, mesmo que seja tolo? É uma piada, mas muitas pessoas levam a sério.
Os governos deveriam rebaixar as agências?
Sim, eles deveriam dizer: "esqueçam isso, essas pessoas ridículas". [O presidente dos EUA, Barack] Obama deveria ter dito que não se importa nenhum pouco com essas pessoas ridículas das agências de risco.
Qual a verdadeira natureza da crise atual?
Os mercados produzem bolhas e, em certo momento, todas as bolhas explodem. Nós temos uma economia de bolhas. A economia cresce porque temos essas bolhas, não o contrário. Não há bolhas por causa do crescimento, mas há crescimento por causa das bolhas.
Nada mudou nos mercados financeiros desde a crise de 2008, mas todos estavam felizes por causa da aparente recuperação; os bancos estavam tendo lucro novamente. Mas todos os lucros dos bancos, pelo menos nos países industrializados, eram apenas resultado das novas bolhas.
O que acontece agora e que há um grande perigo de que todas as novas bolhas --de commodities, moedas, ações, patrimônio-- estourem em algum momento e os bancos ficarão com a mesma dificuldade de 2008.
O problema está ficando pior?
Está ficando pior, pois agora todos os governos estão tentando reduzir os seus deficits, 15% a 20% maiores em comparação com a última crise. Por isso será mais difícil para eles lutar contra uma nova recessão. Assim, há um nervosismo maior.
A turbulência tem a ver apenas com o medo de recessão?
Há um grande perigo de uma recessão mundial. Nos EUA, na Europa e no Japão (60% a 70% do PIB mundial) não temos recuperação sustentável: o emprego está estagnado, os salários não estão subindo, então não há consumo privado, e todos querem exportar. O resto do mundo não consegue crescer em ritmo suficiente para absorver essas exportações. Não funciona.
Nos últimos 30 anos a agenda neoliberal nos fez acreditar que tudo deveria ser flexibilizado: o mercado de trabalho, o sistema inteiro. Mas agora está tudo tão flexível que, quando o desemprego cresce como EUA e os salários caem, a economia não se recupera. Essa nova flexibilização vai matar a economia de mercado.
E qual é saída?
É preciso fazer uma forte regulação nos mercados financeiros: não permitir que os bancos façam o jogo de apostas de cassino, forçar os bancos a fazerem investimentos reais. Precisamos de um sistema monetário global totalmente diferente, no qual as moedas não sejam determinadas pelo mercado. Precisamos de uma nova regulamentação global para as commodities, na qual os seus preços não sejam mais determinados pelo mercado financeiro.
Os bancos manipulam preços de commodities e de moedas, como o real, nos mercados financeiros para ganhar dinheiro nos próximos dois, três anos. Não estão interessados em crescimento de longo prazo. Isso precisa ser mudado.
Por que os governos não fazem nada a respeito?
Muitos políticos não entendem o que realmente está acontecendo. Acham que gestores de bancos possam ser conselheiros de políticos. Isso não funciona. Os políticos precisam se emancipar disso. Precisamos de uma geração diferente de políticos, que não dependa do dinheiro de Wall Street e que pense no melhor para a população.
Os mercados estão forçando um novo resgate com dinheiro público, socialização das perdas?
Com a situação política nos EUA, é muito difícil imaginar que eles fariam um novo resgate. O governo está totalmente bloqueado pelo Congresso. Muitos governos vão hesitar em salvar os bancos. Por isso essa recessão pode ser pior e mais profunda do que a anterior.
O cenário mais provável talvez seja o de uma recessão japonesa, com estagnação geral, deflação. Demorará mais até que os governos comecem a entender que eles não podem continuar salvando e salvando. Mas que devem levar em conta o que acontece na economia real. A ideologia dominante diz que os governos são ruins e os mercados são bons. E, enquanto se acreditar nessa coisa primitiva, não vai funcionar
E os países em desenvolvimento?
Até estão indo bem, crescendo, mas não têm tamanho suficiente para tirar o mundo do atoleiro. Eles dependem dos países industrializados também. Podemos ir para uma fase longa de estagnação e deflação como o Japão nos últimos 20 anos. É o maior perigo.
Uma recessão pior do que a de 1929?
Eu não diria pior, mas pelo menos comparável. Da última vez, a recessão foi contida por causa da reação rápida dos governos. Mas agora não se pode esperar muito das políticas monetárias. Precisa ser do lado da política fiscal, mas ela está bloqueada politicamente. Isso é que deixa a situação tão difícil. Veja o Japão nos últimos 20 anos: sempre que o governo tentou cortar o deficit, a crise se aprofundou e o deficit aumentou. Assim, o Japão alcançou a maior dívida pública do mundo: mais de 200% do PIB.
Essa recessão seria mais parecida com a 1929 ou com a do final do século 19, que significou a queda do Reino Unido e a ascensão dos EUA e da Alemanha?
Mais com 1929, pois estamos em perigo de fazer o mesmo erro, cortando gastos públicos no meio de uma recessão.
Mas há economistas ortodoxos que argumentam que os governos deveriam cortar o deficit, que a crise significa o fim de uma era de keynesianismo?
Keynes foi recém recuperado e agora estão ansiosos por matá-lo novamente. Por isso eles chamam a crise, que foi claramente causada pelos mercados financeiros internacionais e não pelos governos, de "crise da dívida dos governos", "crise da dívida". Não tem nada a ver com crise da dívida. Os governos pagaram alguns jogadores absolutamente irresponsáveis do mercado financeiro e por isso a dívida dos governos é maior do que há cinco anos. Não há outra razão, não há mau comportamento de governos.
Está claro que economistas ortodoxos não gostam da ideia de que os mercados não tiveram um bom comportamento, que fizeram coisas erradas, porque os mercados são Deus e estão sempre certos. Eles vêm com a explicação de que é só problema dos governos, não tem nada a ver com os mercados, que não existe mau comportamento dos mercados, que a culpa é só dos governos. É uma luta ideológica contra os governos. Querem trazer os governos para baixo, enriquecer eles próprios, sei lá. Não tem nada a ver com pesquisa acadêmica séria.
O que o capitalismo pode fazer para gerar crescimento no mundo?
A coisa mais simples e mais crucial é que os salários médios das pessoas, dos trabalhadores precisam subir em linha com a produtividade da economia. É uma regra simples, que não é seguida em muitos países. Não foi seguida na América Latina no passado; hoje está melhor. Na Ásia eles entenderam isso, e os salários estão crescendo. Mas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários não estão crescendo. Isso não funciona, os salários são o componente mais importante para a demanda privada. O capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores.
O tamanho sistema financeiro nos próximos anos deve ficar menor?
O sistema financeiro precisa encolher. É a grande tarefa que os políticos têm: encolher o sistema financeiro para um tamanho que seja razoável, que tenha relação com a economia e que tire o sistema do cassino.
Qual sua avaliação do movimento no mercado europeu de no nesses dias?
O BCE (Banco Central Europeu) fez uma coisa razoável, comprando títulos italianos e espanhóis. Mas isso não pode ser feito por muito tempo. No longo prazo, a única solução para a Europa é que a inflação alemã e os salários subam mais e as outras inflações declinem, fazendo com que o grande desnível entre competitividades dos dois grupos de países diminua no decorrer do tempo.
Como está a situação na Europa?
Ainda não resolvemos o problema principal da zona do euro que é a diferença de inflação entre a Alemanha e os países do sul da Europa. A Alemanha se recusa a aceitar que esse é o principal problema por razões políticas. Sou cético que de haja uma solução. Mais países vão entrar em dificuldades Itália e Espanha estão estagnadas, e se pede cortes de gastos governamentais. É maluco.
Se não há crescimento e o governo corta gastos e aumenta impostos isso leva à recessão. A Grécia não reduziu o deficit não porque não desejava, mas porque entrou numa recessão muito mais profunda do que o esperado. As receitas de impostos caíram e o deficit não pode ser reduzido.
Muitos dizem que a Itália e a Grécia gastaram de mais e, por isso, estão sendo punidas. Qual sua visão?
A moeda na Europa tem uma regra simples: é que todos devem ter a mesma inflação de 2%. Mas nos últimos dez anos a Alemanha teve uma inflação de 1%, e Espanha, Portugal, Grécia, Itália tiveram uma inflação em torno de 2,5%. Quem fez certo e quem fez errado? Alguns viveram acima, outros abaixo da meta. Não há como culpar um lado. A Alemanha violou a meta de 2% mais do que Grécia, Espanha, Portugal e Itália. Isso não é discutido seriamente porque a Alemanha faz um jogo de poder contra os outros países e tenta impedir essa discussão.
Qual sua visão do Brasil?
Acho que o Brasil está muito melhor agora do que em recuperações anteriores. Os salários estão crescendo. O que continua sendo um problema é a taxa de juros muito alta e a valorização do real é um grande perigo. Mas não há como culpar o Brasil: é o jogo do poder.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
BANQUEIROS e o mensalão !
quinta-feira, 28 de junho de 2012
INCA diz que não pode ficar sem terceirizados.
sábado, 16 de junho de 2012
Michelangelo Merisi da CARAVAGGIO
Após vários anos de trabalho, Caravaggio andou de cidade em cidade realizando vários trabalhos para barões, condes e duques. Contudo, era pessoa de temperamento difícil, o que quase sempre resultava em brigas e duelos, tornando-o pessoa de difícil convívio.
Excluindo seus princípios, que eram muitos, Caravaggio focava sua arte em temas religiosos. No entanto, até aí sua personalidade forte se fazia presente, pois foram várias as vezes em que suas pinturas feriram as susceptibilidades dos seus clientes. Em seus quadros, ao invés de belas figuras etéreas e delicadas, para representarem acontecimentos e personagem da Bíblia, ele sempre dava preferência por escolher entre o povo, modêlos humanos tais como; prostitutas, crianças de rua e mendigos, que posavam como personagens para suas belissimas obras.
Em a "Flagelação de Cristo" compôs uma coreografia com contrastes de claro-escuro, onde Cristo se apresentava em tal estado de abandono, conseguindo atingir a composição de uma beleza carismática. Já em "São João Batista", demonstrava um jovem de olhar provocador. Aliás, historiadores afirmam de forma categórica, se tratar de um de seus amantes.
Caravaggio sempre procurou demonstrar a realidade palpável e concreta da representação. Utilizou-se de figuras humanas, sem qualquer receio de representar a feiura, a deformidade em cenas provocadoras, características essas que distingue as suas obras. Tudo isto chocou profundamente a sociedade italiana da época, por conta do excesso de nudez e sensualidade. Deste efeito, originou o "Tenebrismo", onde os tons terrosos contrastavam com os fortes pontos de luz.
Porém ele lidou com seu sucesso de maneira atroz. Uma nota precocemente publicada sobre ele, em 1604, descrevia seu estilo de vida três anos antes: "após uma quinzena de trabalho, ele irá vagar por um mês ou dois com uma espada a seu lado e um servo o seguindo, de um salão de baile para outro, sempre pronto para se envolver em alguma luta ou discussão, de tal maneira que é bastante torpe acompanhá-lo." (Floris Claes van Dijk; Roma, 1601)
Considerado um farrista inconseqüente, ele vivia com problemas com a polícia, sem dinheiro e buscava brigas nos pulgueiros da cidade. Em 1606, matou um jovem durante uma briga e foge de Roma, com a cabeça a prêmio. Passou por Nápoles, depois por Malta e pela Sicília, onde pintou telas de lirismo transfigurado, como: A ressurreição de Lázaro (Messina), na qual, sob o pavor de um imenso espaço vazio, um raio de luz rasante parece imobilizar o drama sagrado.
Em Malta (1608) envolveu-se em outra briga, e mais outra em Nápoles (1609), possivelmente um atentado premeditado contra a sua vida devido suas ações, por inimigos nunca identificados. No ano seguinte, após uma carreira de pouco mais do que uma década, Caravaggio estava morto, aos 38 anos.
Caravaggio tomava emprestada a imagem de pessoas comuns das ruas de Roma para retratar Maria e os apóstolos. A sua inspiração estava entre comerciantes, prostitutas, marinheiros, todo o tipo de pessoas que não eram de nobre estirpe e que tivessem grande expressão, como as suas obras retratam. Talvez tenha sido um dos primeiros artistas a saber conciliar a arte com o mitológico "ministério de Jesus", que, segundo a lenda, aconteceu exatamente entre pescadores, lavradores e prostitutas.[1]
O artista levou este princípio estético às últimas consequências, a ponto de ter sido acusado de usar o corpo de uma prostituta fisgada morta do rio Tibre para pintar A Morte da Virgem. Esta foi uma das duas mais importantes características das suas pinturas: retratar o aspecto mundano dos eventos bíblicos, usando o povo comum das ruas de Roma.
A outra característica marcante foi a dimensão e impacto realista que ele deu aos seus quadros, ao usar um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro, e agrupar a cena em primeiro plano com focos intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos. Este uso de sombra e luz é marcante em seus quadros e atrai o observador para dentro da cena - como fica bem demonstrado em A Ceia em casa de Emmaus. Os efeitos de iluminação que Caravaggio criou receberam um nome específico: tenebrismo. Na obra "David com a cabeça de Golias", uma cabeça decapitada, onde ele mesmo é o Golias, um sanguinário grotesco, um monstro. Na decapitação de João Batista, o mal era representado por outra pessoa. Aqui, é Caravaggio quem personifica a maldade. Na espada de David, foi escrito "Humilitas Occedit Superbiam" (A Humildade Conquista o Mundo). Uma batalha que tem sido travada dentro da cabeça de Caravaggio, entre os dois lados opostos do pintor retratado nesta fascinante obra.
Caravaggio reagiu às convenções do maneirismo e opôs a elas uma pintura natural, direta, e até mesmo brutal, que pela sua franqueza renovou a natureza morta (Cesta de frutas - 1596), e as cenas profanas (Baco, 1593-1594), bem como os temas religiosos (Descanso durante fuga para o Egito, 1594-1596). Os contrastes de forma e luz sublinham formas maciças que, na maior parte de suas obras, emergem vigorosamente de um fundo negro.
No fim do Renascimento, os grandes mestres caminhavam para uma visão mais obscura e realista das escrituras sagradas, como se vê principalmente em A Conversão de São Paulo e no Martírio de São Pedro - afrescos de Michelangelo Buonarroti, realizados na Cappella Paolina, no Palácio Vaticano. Caravaggio pintou versões próprias desses temas - A conversão de São Paulo, a caminho de Damasco e Crucificação de São Pedro - que ilustram bem como foi capaz de igualar, senão de superar seus mestres.
Nome completo Michelangelo Merisi (da Caravaggio)
Nascimento 28 de Setembro de 1571 Lombardia, Itália
Morte 18 de julho de 1610 (38 anos) Porto Ercole, comuna de Monte Argentario, Itália
Nacionalidade Italiana
Ocupação Pintor
Principais trabalhos A deposição de Cristo (1602)
Movimento estético Barroco
terça-feira, 5 de junho de 2012
O LIVRE ARBÍTRIO
quanto ao livre arbítrio, pois, conhece-se, normalmente, que os seres do planeta
terra podem ser divididos em racionais e irracionais, no primeiro caso, por
acreditar-se que eles raciocinam, pensam e, no segundo, porque são levados pelo
instinto por excelência, pode-se dizer são programados, agem por
condicionamentos de quaisquer tipos. Quanto à questão dos seres irracionais,
verifica-se que a psicologia, tem um acervo muito grande de pesquisas e
trabalhos sobre o assunto, decorrente de investigações e experimentos que são
feitos, com objetivo de saber como vivem os animais, suas decisões e seu modo de
agir, dentro da liberdade que todos têm no planeta, não somente consciente, mas,
também inconscientemente, tal como acontece com todos os habitantes da esfera
universal.
Assim, seres racionais e irracionais, heis uma
questão importante para se analisar, calmamente. Observa-se que irracionais são
aqueles que aparentemente não raciocinam, agem por instintos, por
condicionamentos de quaisquer modalidades, são praticamente seres robotizados,
ou programados. Como por exemplo, sobre esses seres irracionais, têm-se os
animais, tais como, cavalo, jegue, galinhas, leões, elefantes, porcos e muitos e
muitos outros, ou todos que existem no planeta, pois, os homens pensam que esses
tipos de animais não pensam e somente agem pelo instinto. De propósito, será que
somente esses tipos de animais agem desta forma, ou será que existem outros
tipos que também agem do mesmo modo que aqueles que aparentemente não pensam,
não raciocinam e não têm o poder de decisão, tal como o homem?
Já quanto aos irracionais, a coisa é
extremamente ao contrário, porque espera-se que esses seres não pensem, não
raciocinem, não tenham o poder de decisão, assim sendo, existe, o predominante
que é o determinismo, isto significa dizer, faz-se o que alguém manda, insinua,
pois a sua prática é quase de imitação sempre inconsciente. Por hipótese, o ser
racional deve agir com a consciência, neste sentido, são importantes as palavras
de Victor HUGO (1815-1830), quando disse que la conciencia es la columna
vertebral del alma; mientras la conciencia es recta se sostiene en pie; yo no
tengo más que esa fuerza, pero basta . Será que os seres humanos agem de acordo
com sua consciência, trilhando pelo caminho do bem, ou buscam o instinto, sempre
quando as decisões são rápidas e necessárias?
Em resposta, o homem tem uma característica
que lhe é peculiar e que o distingue dos animais, que muitos chamam de
irracionais, isto é, a inteligência, o poder de distinguir o bem e o mal, o que
é bom e o que é ruim, o certo e o errado. Os animais não homens, não possuem
este poder e agem pelo instinto, pelo aprendizado condicionante, isto é, tem que
receber a fixação mental, para saber que uma coisa não é boa, é o efeito
condicionado. Quanto aos instintos, nos relata BIRAN (1952): depende de nós o
consentir ou não consentir no desejo, mas não depende de nós senti-lo, ou não .
Aí está o instinto, que muitas das vezes é acompanhado pelo determinismo de
fazer algo, pois, cabe à razão amenizar esses instintos, e transformá-los no uso
do livre arbítrio.
Por falar em livre arbítrio, pode-se logo
iniciar por seu conceito, tão fácil de compreender e muito difícil de pô-lo em
prática, ou torná-lo uso constante no dia a dia do ser racional. Ao tentar
conceituá-lo com muita propriedade, pode-se buscar em LAHR (1956), o seu
conceito, quando disse que
o livre arbítrio não é faculdade distinta, mas
atributo da vontade. É o poder que tem a vontade de se determinar por si mesma,
por sua própria escolha a uma coisa, ou a outra, a agir ou não agir, sem ser
constrangida a isso, por força alguma externa, ou interna .
Nesta acepção, observa-se uma pequena confusão
de LAHR entre o livre arbítrio com a livre individualidade, visto que o livre
arbítrio é consciência, é sabedoria, é escolha certa; todavia, a livre
individualidade é a aptidão que cada um possui para agir em qualquer
circunstância.
Contudo, a liberdade é um ponto fundamental na
vida de um homem, é isto que muitas pessoas não conseguem compreender com
facilidade, tendo em vista a condição em que está a mente daquele que não tem
condições, pelo menos de controlar as dificuldades da vida. Com relação a esta
liberdade, que é uma condição de uso do livre arbítrio, explica JOLIVET (1953)
que ele é
o poder que possui a vontade de se determinar
a si mesma e, por si mesma, a agir ou não agir, sem ser a isto coagida por
nenhuma força, nem exterior, nem interior .
Este é o conceito de libertação consciente, de
livre arbítrio, e de conhecer-se a si mesmo, pois, este é o ponto de partida
para um bem viver consigo próprio e com a sociedade, que exige a libertação de
todos, porque ela própria quer se libertar, isto exige esforço e aprendizado nas
vidas sucessivas.
O livre arbítrio, ou liberdade consciente de
ouvir, compreender e falar, isto é, decidir, passa pelo controle da mente e, por
conseqüência, dos atos em que o ser humano está envolvido. Pensando desta forma,
é importante mencionar as explicações de F. M. B. (1994) quando diz que
controlar nuestros pensamientos y reacciones
es una tarea diaria ante la que no podemos darnos descanso, pero es algo que nos
reporta tal satisfacción interna que merece la pena intentarlo a cada instante,
pues nos permite descubrirnos tal y como somos e intervenir directamente y de
forma conciente en el desarrollo de nuestra personalidad y evolución espiritual
.
Dentro desta filosofia, o gerenciar a mente de
modo natural e simples, sem atrapalhar a evolução espiritual do homem é um
começo para que o livre arbítrio seja implantado de modo claro e acumulador de
conhecimentos para uma libertação de toda materialidade que ainda exista no
ser.
Para a filosofia dos espíritos, KARDEC (1857)
reservou as perguntas de 835 a 859 do "Livro dos Espíritos" para ter informações
sobre a liberdade de consciência e livre arbítrio; pois, elas foram suficientes
para compreender do ponto de vista espiritual, o que é livre arbítrio, e todo
seu entrelaçamento com a realidade cósmica. De repente, deve-se deixar claro que
existe uma diferença entre liberdade pessoal e livre arbítrio, pois, o primeiro
conduz ao segundo, aquele é a liberdade de agir, enquanto que este é a liberdade
de agir conscientemente em todos os seus atos. Assim, todas as inter relações em
que se acha submetido o homem, condicionam o seu progresso espiritual e,
conseqüentemente, o livre arbítrio participa deste processo de trabalho da
humanidade, de maneira persistente e permanente.
Já em EMMANUEL (1940), presencia-se a questão
sobre livre arbítrio e liberdade nas inquirições de números 131 a 138, do livro
"O Consolador", em sua parte sobre a experiência. Então, quanto ao determinismo
e ao livre arbítrio que também fazem parte do processo de libertação do homem,
explica EMMANUEL que
o primeiro é absoluto nas mais baixas camadas
evolutivas e o segundo aplica-se com os valores da educação e da experiência.
Acresce observar que sobre ambos pairam as determinações divinas, baseadas na
lei do amor sagrada e única, da qual a profecia foi sempre o mais eloqüente
testemunho .
Assim, as pessoas nascidas na ignorância, o
livre arbítrio é quase nada, perdura o instinto e o determinismo do receber e
agir condicionado; entretanto, o livre arbítrio começa a se elastecer com a
educação, o aprendizado intermitente, e a experiência de vida.
Mais uma colocação importante, com grande
valia para o aprendizado de todos que ainda não entendem os seus limites, pois,
tem-se a preocupação de ANDRADE (1993), quando coloca que
os actos de uma criatura não estão
antecipadamente determinados; suas acções boas ou más, em relação às Leis
Morais, não decorrem do destino, mas de sua livre vontade de proceder, desta ou
daquela forma, cedendo ou resistindo, conforme seu próprio posicionamento
evolutivo, diante das provas ou expiações a que, por seu livre arbítrio, ou por
necessidade, houvera de enfrentar, na nova vida que Deus proporcionou, pela
bênção da reencarnatória .
Daí, verifica-se que o acaso não existe, e a
fatalidade não é própria do ser humano, pelo princípio da liberdade e do livre
arbítrio; entretanto, o homem é um ser racional, por princípio e necessita de
fazer jus a sua condição de ser pensante.
E a discussão continua e continuará por longo
tempo, tentando entender os termos livre arbítrio, liberdade pessoal,
determinismo, consciência, e alguns outros conceitos que devem ser conhecidos e
bem compreendidos para uma evolução da humanidade. No entanto, o mais importante
não é somente conhecer os termos e o processo do mundo espiritual, mas, a
compreensão do bom evoluir, a prática do bem e o conduzir a paz àqueles que
estão necessitando, com muita urgência, para entenderem os passos seguintes em
sua trajetória. Com isto, não se quer dizer que a compreensão sobre estes termos
não é importante, no entanto, a experiência com os outros seres humanos, a
mentalização constante com as coisas boas, com a criação divinal e com a
vibração de mundos mais evoluídos é salutar para uma vida de paz e
felicidade.
Em resumo, foram vistas algumas explicações
sobre livre arbítrio, determinismo, liberdade pessoal, e consciência que tem o
objetivo de clarear um pouco estes conceitos e mostrar algumas visões, ou
posições que merecem destaque na conjuntura dos ensinamentos dos diversos credos
sobre estes termos. É apenas uma provocação para que se medite um pouco sobre
estas palavras, tendo em vista que as confusões do mundo são tantas que deixam
as pessoas céticas, e até vendados os olhos espertos para um futuro promissor.
Com estes ensinamentos, deverá deixar o ser humano mais pensativo em suas ações,
e em cada minuto de sua insensatez, pensará duas vezes quanto ao agir,
procurando sempre avaliar se aquele ato vai melhorar, ou piorar, a sua situação,
e a dos outros, que precisam também do processo de evolução, e todos contribuem
para o progresso geral da humanidade, e dos mundos.